
Pois amigos, eu acho que para ser turista é preciso, antes de mais nada, ter espírito cigano, isto é, saber que vai renunciar a alguns confortos domésticos. Aliás, quem valoriza muito o conforto nem devia sair de casa. Um verdadeiro viajante sabe que só precisa da própria pele, então, a sua mala é de uma simplicidade franciscana. Ninguém faz turismo para desfilar moda. O mais importante é conhecer lugares novos, pessoas e hábitos diferentes, e adaptar-se a eles. Esse é o encanto maior de todas as viagens. Infelizmente já cruzei com várias espécies de turistas sem vocação, e reparei que entre eles dois tipos se destacam: o comprador - aquele que compra tudo o que vê, entupindo o bagageiro do ônibus com seus badulaques - e o chorão - aquele que reclama de tudo: o colchão é duro, o ônibus balança muito, a guia não lhe dá atenção, a comida é ruim, as cidades só têm prédios velhos (referindo-se à Europa!), ninguém fala a língua dele, tudo é muito caro, muito calor, ou frio, etc. É muito fácil conhecer um turista sem vocação: é só olhar sua mala. Quanto maior a bagagem, menor a vocação turística. A vida é uma grande viagem. Então, quanto menos pesarmos, mais longe iremos. Beijão da Jô